sábado, 3 de abril de 2010

Domingos da Guia - um dos grandes jogadores do Brasil

Considerado o maior zagueiro de todos os tempos do futebol brasileiro, sempre li que Domingos da Guia foi também um dos maiores atletas de futebol do mundo, mas nunca encontrava nada de conteudo sobre ele - achei hoje uma história interessante que copiei do bom blog http://www.museudosesportes.com.br/ e repasso aqui neste espaço:




A grande jogada de Domingos da Guia
Mário Filho na Manchete Esportiva de 1955

A grande jogada de Domingos da Guia foi num Flamengo e Botafogo, em Álvaro Chaves.
Ele não gostava de se exibir ou, pelo menos, parecia que não gostava, que fazia apenas o indispensável.
Só na hora em que deveria surgir, esticar o pé, fazer alguma coisa, é que se mexia, é que dava sinal de vida. Por isso saía de campo com a camisa enxuta, naquele passo de samba à valsa lenta.
Nesse Botafogo e Flamengo foi diferente, fez questão de ser diferente. Também tinha levado a maior vaia de sua vida. Primeiro levou uma vaiazinha: rebateu uma bola para fora. O sócio do Fluminense achou que Domingos da Guia não podia rebater uma bola para fora, e embora fosse uma homenagem, Da Guia se ofendeu. Então fez um gesto feio para a social do Fluminense. Nem queriam saber. Para dar uma idéia: Mário Pólo exigiu, aos gritos, a prisão do Mestre Da Guia.
Domingos não foi preso. Antes dele outros jogadores tinham feito o mesmo gesto e ficaram soltos.
Mas num Da Guia ninguém admitia isso. E ele compreendeu que tinha sido outro, que tinha se diminuído, que precisava voltar a ser, e imediatamente, o Mestre Da Guia. E foi o que ele fez.
Pegou uma bola a um metro do gol do Flamengo, pisou nela e chamou todo ataque do Botafogo para cima dele. E lá foram os cinco, com Heleno na frente, Geninho foi último. A torcida do Flamengo virou o rosto. Nem queria ver.
A do Fluminense é que olhava fascinada para o Domingos contra cinco.
E Da Guia deu o primeiro drible de milímetros, o segundo, o terceiro, o quarto, o quinto. Depois estendeu um passe de cinqüenta metros para Vevé, lá na ponta esquerda.
A bola passou por cima das cabeças dos jogadores do Botafogo, que pularam e esticaram o pescoço o mais que podiam sem tocá-la. E lá foi a bola imaculada, cair feito um ramo de flores, aos pés de Vevé. Então Domingos da Guia se voltou para a social do Fluminense, perfilou-se, depois se curvou e estendeu o braço direito num daqueles cumprimentos rasgados que exigem um chapéu com penacho para varrer o chão. Eu só vi a alta burguesia das Laranjeiras ficar de pé e aplaudir em palmas de queimar as mãos.
Pois é: e parece que Domingos da Guia nunca existiu. Ninguém fala mais nele.

video falando de sua história:
http://www.youtube.com/watch?v=0I3REVfnhX4

Histórico:
fonte: wikipedia - inclusive foto

a mesma historia do texto com mais detalhes:
http://colunistas.ig.com.br/jogoquaseperfeito/2009/06/16/causos-do-futebol-domingos-da-guia-leandro-e-raul/
Flamengo 1943: foto: museu dos esportes

Comentario de Nelson Rodrigues em 1958:
Depois do jogo América x Santos, seria uma crime não fazer de Pelé o meu personagem da semana. Grande figura, que o meu confrade Albert Laurence chama de “o Domingos da Guia do ataque”.
(para Revista Manchete esportes)

Nenhum comentário: